Projeto de Cidadania nos 11º e 12º anos


Decorreu hoje, dia 10 de fevereiro, numa aula do professor José Pedro Brites, uma sessão no âmbito do Projeto de Cidadania, com uma intervenção do professor António Caselas que analisou um texto do filósofo Immanuel Kant, Para a Paz Perpétua (1795/96).

Na sessão compareceu uma turma do 11º ano, bem como as turmas de Psicologia do 12º ano, tendo os alunos apresentado contributos importantes no decorrer do debate, no qual se concluiu pela atualidade do pensamento do autor na presente situação geopolítica.

Foram abordadas as condições que permitiriam construir uma paz duradoura que pudesse substituir-se à ideia utópica iluminista de uma paz perpétua.

Constatou-se, assim, que o pensamento de Kant se mantém atual nos seguintes pontos: no respeito pelo direito internacional; na determinação da impossibilidade de um país ou nação invadir, anexar ou mesmo estabelecer uma transação comercial para se apossar do espaço territorial de outro país; na impossibilidade de um país intervir ou interferir num outro sob que forma for; na restrição concreta em comprometer as condições de estabelecimento de uma paz futura ou que possa perdurar; no respeito pela hospitalidade universal (recusando quaisquer discriminações prevista na Carta das Nações Unidas e nos tratados internacionais) e no imperativo da harmonização entre a moral (ou a ética) e a política, num contexto em que as transgressões (por vezes primárias) ocorrem às mais elementares regras de cidadania estabelecidas depois da Segunda Guerra Mundial.

Num contexto de fechamento e egoísmos nacionalistas, o ideal de cooperação e de cosmopolitismo devem prevalecer para que as relações internacionais não propiciem as condições de conflitos armados e da tentação do uso da lei do mais forte.

A contextualização atual do pensamento kantiano foi, assim, realizada com sucesso apesar de não se terem verificado as pretensões de bom relacionamento entre os países num momento em que não apenas as ditaduras continuam a comprometer as relações internacionais e, o que é mais grave, certos regimes democráticos também o fazem.

Concluiu-se que, independentemente da sua carga utópica, o projeto iluminista mantém a sua validade.

 

 

Professor António Caselas